Ouça esse album: "Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova" (por Esdras R. Andrade)

Os anos 90 foi uma época de intensa produção musical para o grande (literalmente) Sebastião Rodrigues Maia, o Tim Maia. Após décadas de intenso envolvimento com festas e drogas, os últimos anos de Tim foram marcados por uma desaceleração do ritmo alucinante e uma imersão do cantor carioca nas suas antigas influências através do lançamento de diversos discos em pouquíssimo tempo.

Exatamente nessa época, Maia realizou um sonho antigo, gravou com o grupo Os Cariocas (álbum Tim Maia & Os Cariocas: Amigos do Rei), de quem era assumidamente fã, isso em 1997.

Também nessa tempo, Tim Maia voltou a investir na formação de uma gravadora e selo próprios: a Vitória Régia Discos, fator esse determinante para a profusão de trabalhos interessantes em sequência. Não esqueçamos: Tião era desafeto declarado das gravadoras.

Foi exatamente pela Vitória Régia Discos que, em 1990, Tim Maia lançou o álbum Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova, onde faz uma homenagem, obviamente, a alguns clássicos da bossa nova.

Recordo de ter adquirido esse álbum durante as férias de 2013, quando em viagem na cidade de João Pessoa/PB, em um shopping. De início, destaco o excelente layout (ain) do trabalho: capa singela, encarte com pouca informação visual e uma combinação de cores e fontes que já de cara remetem o ouvinte à proposta do disco: fazer você relaxar nas ondas e acordes da bossa nova.

Sobre os aspectos musicais do álbum, vale destacar que os arranjos e direção musical ficaram por conta do conhecidíssimo entre os estudiosos de harmonia musical Almir Chediak, enquanto a produção ficou a cargo do próprio Tim Maia.

As 10 faixas que compõem o álbum nos levam a canções clássicas Wave e Girl From Ipanema, )sucessos de Tom Jobim), além de Folha de Papel, duas versões de A Rã, Eu e a Brisa, Minha Namorada entre outras, todas ganhando um corpo todo especial com a profundidade e a ressonância da voz de Maia, que, sem querer inventar, realça o tom romântico e melancólico das mesmas através da fidelidade às melodias originais.

Merece destaque também o excelente piano de Antonio Adolfo, com suas melodias harmonicamente ousadas, como, aliás, é próprio da bossa nova.

Enfim, audição mais que recomendada para quem deseje tomar conhecimento de uma boa introdução à bossa nova.

E como sempre, acesse Aeroplane!