top of page

¡Soy Loco Por Tí, América!

Despacito, música dos porto riquenhos Luis Fonsi e Daddy Yankee, foi , sem dúvida, o maior sucesso mundial de 2017 (alías, vários articulistas criticaram o título de canção do ano dado a 24K Magic, do Bruno Mars, pelo Grammy Awards).


Após 21 anos do lançamento de Macarena, uma canção de língua espanhola voltou a ser cantada pelo mundo inteiro (https://www.infobae.com/america/entretenimiento/2017/05/19/el-delirante-video-viral-de-los-efectos-del-hit-despacito-en-tres-amigos-italianos/). Com ela, uma miríade de outros singles “latinos” foram lançados (só se ouve reggaeton nas academias agora) por artistas realmente muito versados musicalmente como, por exemplo, Luan Santana (...).

O sucesso do novo reggaeton é tamanho que penetrou até as fortalezas do comunismo cubano, ferrenho perseguidor da dita expressão musical, alegadamente por sua apologia ao consumismo (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/04/17/Como-o-reggaeton-se-espalhou-por-Cuba-sem-precisar-da-internet-da-TV-ou-do-r%C3%A1dio).


Músicas de forte apelo latino (geralmente com um tom de sensualidade) fazerem grande sucesso não é, na verdade, uma novidade. Basta que lembremos que, só nas últimas 3 décadas, La Bamba, Macarena e Corazón Espinado se tornaram verdadeiros hits da música popular mundial.


O que me chamou a atenção (em um dia no qual fui malhar sem fones de ouvido e tive que ouvir reggaetons repetidos por 1 hora e meia), é a progressiva sintetização da expressão musical latina para o mundo, consubstanciada na probreza crescente destes “sucessos mundiais” produzidos do México pra baixo.


Sobre o tema, recomendo a audição de um de nossos podcasts (o episódio sobre o Superstar 2ª Temporada), no qual teço minha opinião sobre Yegor y Los Bandoleros.


O objetivo do presente texto é alertar os leitores para o fenômeno musico-cultural que experimentamos. A musicalidade (que, sim, pode conter traços harmônico-melódicos quentes e sensuais) tem dado lugar à simples veiculação de propaganda clichê, travestida de arte, tudo com o objetivo final de vender um produto barato e sem graça de ostentação e promiscuidade.


É por isso que as belíssimas interpretações de Linda Ronstadt em canções que realmente representam a musicalidade tradicional do México e Caribe nos álbuns Canciones de Mi Padre, Mas Canciones e Frenesí, não têm qualquer relevância para o mercado hodierno. Em seu lugar, querem que ouçamos os anseios bestiais e nada disfarçados de DJ’s da Costa Rica por sexo em praça pública.


Adentrando ainda mais esse tema da diluição da musicalidade latino-americana no mainstream moderno, é muito difícil que um músico como Carlos Santana atinja a mesma fama que o citado fazendo o mesmo tipo de trabalho, isto é, produzindo algo novo e realmente interessante (pelo menos já foi assim), fundindo elementos tradicionais com o blues rock, dando à luz um conceito musical tão novo quanto tecnicamente interessante.


A fusão que hoje vemos é a do funk carioca com harmonias entediantes.


Isso sem contar no cada vez maior desinteresse que as novas gerações têm em aprender a tocar um instrumento. Vide as recentes notícias de crises financeiras vivenciadas por empresas de instrumentos musicais.


Em resumo, Despacito é somente a expressão mais nova do que é a cultura musical a nível de mídias mundiais em nossos dias. Um bando de gente fingida vendendo falsa criatividade, tudo com um ar jocoso de superioridade típico de falsos artistas, pra enganar pobres de espírito que só querem parecer sensuais para redes sociais enquanto cantam algo em espanhol.


Ressalto que tudo isso não impediu que a canção tivesse um interessante solo de violão no início, com certeza fruto do trabalho de algum músico talentoso que, movido pela necessidade ou pelo dinheiro, se vê “obrigado” a trabalhar com estas baratas.


O fato de essa canção ter estourado através de um versão de Justin Bieber diz muito sobre ela (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/05/22/Por-que-uma-m%C3%BAsica-latina-est%C3%A1-no-topo-das-paradas-depois-de-20-anos).


Por fim, para uma audiência realmente interessada da musicalidade latina, recomendo os seguintes álbuns, à guisa de introdução:

  1. Abraxas (Carlos Santana, 1970);

  2. Traduzir-se (Fagner, 1981);

  3. Frenesí (Linda Ronstadt, 1992).


Categorias
Artigos Principais
Check back soon
Once posts are published, you’ll see them here.
Artigos Recentes
Arquivo
Siga-nos
  • Facebook Basic Square
bottom of page