Ouça Esse CD: Pancadélico (por Esdras Andrade)
“Pancadélico” (2015) – Jota Quest
O Jota Quest é, para mim, uma das bandas que mais tem evoluído, em termos de sonoridade, no Brasil. Desde o disco La Plata (2008), a banda mineira tem diversificado seu som de maneira notável, abandonando o pop rock ortodoxo dos anos 90 e explorando novas vertentes. Em 2013, com o lançamento do álbum Funky Funky Boom Boom, os músicos de BH já anunciavam ao Brasil que estavam agora mais aprofundados na onda do funk.
Seu último trabalho, porém, o Pancadélico, lançado em novembro de 2015, é o mais ousados dos últimos anos. Sendo uma junção de pancadão e psicodélico, o Pancadélico investe em um som dos “guetos” brasileiros, influenciado pelo funk e pop e com pitadas de rock e psicodelia.
Cabe destacar, também, nomes de peso que participaram do trabalho, como Nile Rodgers e Jerry Barnes, membros da conhecidíssima banda funk Chic (o primeiro também participa do álbum tocando guitarra nas faixas Blecaute e Mágica). Também participou do disco o ex-baixista do Jamiroquai Stuart Zender, na faixa Mares do Sul.
Destaco aqui as faixas A Vida não está fácil pra ninguém e Blecaute, que abrem o trabalho no mais legítimo funk pesado, com destaque para as excelentes guitarras de Rodgers e Marco Túlio Lara. Freak Fon Funk é outro groove “gordo” que se encontra no álbum.
Mares do Sul traz outra canção cheia de suingue, com participação decisivamente precisa de Stuart Zender. Destaque para a introdução da música, na qual um texto falado de Rogério Flausino lembrou claramente aquelas declamações românticas de algumas músicas de Tim Maia.
Por fim, destaco Um Dia Pra Não Se Esquecer, com a participação do Projota, que traz uma espécie de tecno-reggae (não sei se isso existe mesmo) com muito “pancadão”, que acabou se saindo razoavelmente bem.
Em geral, Pancadélico é mais uma ousada empreitada de uma das poucas bandas brasileiras de massa que tem tentado apresentar algo novo e arrojado. Vale a pena a ouvida.
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