Ouça Esse CD: Norte (por Esdras Andrade)
“Norte” (2015) – NX Zero
NX Zero foi uma das primeiras bandas brasileiras a fazerem a música que conhecemos como “colorida” no Brasil, muito famosa nestes anos 2010. Seguido por bandas como Restart e Cine, o NX Zero cavalgou por muitos anos empreendendo um emocore bastante pobre do ponto de vista sonoro e claramente imaturo do ponto de vista literário.
Entre 2012 e 2014, entretanto, a banda passou por uma crise identidade que ameaçou pôr fim ao
quinteto. Pra falar a verdade, nada disso é supreendente, já que o emocore colorido, que
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consegue, no máximo, arregimentar legiões de fãs adolescentes tresloucadas e com pouco ou nenhum senso de crítica musical, cedo ou tarde, precisa ceder a uma forma de musicalidade mais madura.
Contudo, o NX Zero não terminou. A crise se refletiu em uma nova fase da banda, marcada pelo novo álbum, “Norte”, lançado em 7 de agosto de 2015. O disco apresenta uma sonoridade completamente diferente dos trabalhos anteriores, inclusive seu último EP, lançado em 2014, apostando em uma pegada mais classic rock e algumas levadas funkeadas. É de se salientar também o tom consideravelmente mais sério das letras músicas, em relação aos hits embalados pela banda em anos anteriores. Em algumas faixas as letras referem-se de maneira clara ao renascimento das cinzas da banda.
O trabalho marca também o fim da parceria com o produtor Rick Bonadio, famoso por produções de bandas como Mamonas Assassinas e Rouge, o que parece ter contribuído decisivamente para a nova sonoridade da banda.
Cabe destacar as faixas “Fração de Segundo” (que conta com a participação especial de Lulu Santos na guitarra solo) e “Mandela”, onde a influência da funk music se mostra clara, com especial
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atenção para as guitarras. “Personal Privê” traz um hit de sonoridade bastante atraente, que combina com sua letra até certo ponto sensual, finalizada com um empolgante riff das guitarras. As coisas ficam mais agitadas em “Modo Avião”, a canção que abre o álbum, que empreende uma pegada funk-rock muito boa, com uma letra também bem bolada.
Em geral, “Norte” não chega a ser um trabalho fantástico em qualquer sentido, mas se faz importante por marcar o ponto de amadurecimento musical de uma banda que, por anos, manteve-se movida por um som que atende muito mais aos anseios do mercado musical moderno do que ao conceito de beleza e profundidade que deve marcar qualquer produção artística.
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