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Ouça Esse CD: As The World Bleeds (por Abner Andrade)

Acho muito interessante a forma como se desenvolve o meu relacionamento com as músicas, álbuns e artistas que um dia ouvi e gostei. Aparentemente as músicas que gosto bastante acabam por se tornar uma espécie de refúgio ocasional ao qual recorro de tempos em tempos para obter a abstração da realidade desejada no momento. Posso citar diversos álbuns/músicas com os quais me relaciono dessa forma, mas por enquanto me atenho ao álbum As The World Bleeds (a partir de agora referido como ATWB), da banda Theocracy.


As The World Bleeds - Aeroplane

Theocracy é uma banda cristã americana de power metal melódico que também mistura elementos de speed metal e metal progressivo. A banda apresenta a formação clássica de uma banda de rock (guitarra, baixo e bateria), mas incrementa o seu som “épico” se utilizando de sintetizadores em algumas partes de suas músicas. A banda começou como um projeto de um homem só, Matt Smith, e o seu álbum [homônimo] de estréia foi lançado em 2003, álbum que foi gravado inteiramente (vocais e instrumentos) por Smith. O primeiro álbum já com uma formação plural, Mirror of Souls, veio em 2008 e apresentou a proposta da banda para o mundo. Porém, a banda veio a atingir um outro nível (na minha opinião) com o álbum ATWB. Mas vamos deixar de conversa fiada e vamos ao que interessa.


Meu primeiro contato com a banda e o álbum foi através do meu amigo Isaac Lucas que me recomendou o álbum durante uma de nossas conversas. Atendi à recomendação, fiz o bom e velho download, e comecei a ouvir o ATWB. Confesso que o álbum me conquistou desde a primeira audição, não pela sua complexidade, mas justamente pela sua simplicidade e maestria. A primeira faixa, I Am, já introduz o estilo épico da banda com uma introdução arrebatadora e vocais agudos. O refrão é um dos pontos mais altos de todo o álbum, o que aliás é uma das únicas coisas que tenho a criticar do álbum: a estrutura descendente da sua qualidade no decorrer das faixas. Confesso que as 6 primeiras faixas são as que realmente ouço com frequência, sendo este “mini-épico” 11 minutos uma parada obrigatória.


Em The Master Storyteller a banda mostra a sua competência na composição de boas melodias associadas a riffs pesados e um ritmo acelerado. Nailed é na minha opinião uma das melhores do álbum, com destaque para o violão aparecendo timidamente no pré-refrão. Hide in the Fairytale apresenta uma melodia marcante e que espanta de tão simples. Aliás, uma das impressões que tenho é que, mesmo que em níveis diferentes, praticamente todas as músicas foram compostas com a intenção de se tornarem singles, sendo um das características de suas músicas, como eles mesmo dizem, “melodias que não saem da sua cabeça”. O álbum dá uma subida considerável na sua qualidade com a quinta faixa, intitulada The Gift of Music. A música é muito bem feita musicalmente falando e contém uma bela letra que exalta a música como sendo um presente divino concedido aos homens, cabendo a nós retorná-lo ao Criador como forma de agradecimento. Segue-se a esta a faixa 30 Pieces of Silver que conta a história de Judas Iscariotes e de sua traição num dinamismo interessante.


A partir daí o álbum decai um pouco na minha opinião, mas essa afirmação é extremamente subjetiva. As melodias e riffs apresentados a partir daqui simplesmente não me chamaram a atenção. Drown é um irmão mais novo da faixa inicial, apresentando uma estrutura semelhante ao início daquela mas sem a mesma intensidade. Altar to the Unknown God até ameaça agradar com o refrão no início da música, mas não mantém o nível das melodias na minha opinião (e, afinal, é disso que se trata o álbum). Digamos que, para não criticar demais, a faixa suaviza a transição para o lado não tão bom do álbum. Light of The World mantém a estrutura básica de riffs pesados num ritmo mais speed, mas também não se sobressai em relação às demais. A faixa homônima do álbum finaliza-o num ritmo bastante desacelerado, com um piano bastante melódico, mas logo se entrega à estrutura geral do álbum.


Apesar de gostar e recomendar o ATWB para quem gosta do estilo power metal melódico, assumo que ouvir bastante do mesmo por dez faixas se torna um tanto quanto enfadonho. Talvez o ouvinte experiencie o mesmo pelo que passei e há de se cansar um pouco a partir da sétima faixa. Não me entendam mal: não quero dizer que as músicas são ruins, mas apenas que elas não trazem nada de novo ao álbum, o que torna a sua audição um pouco cansativa. Mas essa é somente a minha opinião, cada um que forme a sua. Mas pra isso você tem que ouvir o álbum, e esta é a minha função aqui: recomendá-lo.


Ouça:

I Am

The Gift of Music

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