Ouça Esse CD: Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos (por Esdras Andrade)
Caros leitores, cá estamos nós para mais um ano! Desde já, feliz ano novo a todos. Desta vez venho a vocês para mostrar mais uma de minhas improváveis descobertas musicais. Estava eu no fim do ano passado debruçado sobre as revistas de música antigas em um sebo aqui de Garanhuns, como costumo fazer quase semanalmente.
Após muitos minutos de indecisão, optei por levar uma exemplar da revista Guitar Player de 2003, que estampava em sua capa a manchete de uma matéria sobre a lendária banda de rock Tha Allman Brothers Band. Horas depois, sentado aqui na pensão onde moro, estava eu lendo uma entrevista de determinado guitarrista, até que li a parte em que o entrevistador o interpelava acerca de suas influências musicais. Eis que o guitarrista, no meio de sua resposta, cita um tal de Marc Ribot que, segundo o instrumentista entrevistado, seria um exímio guitarrista jazzista e teria também um projeto alternativo com uma banda de música cubana.
Os leitores mais assíduos devem saber da minha apreciação pelos ritmos caribenhos (cumbia, bolero, salsa, flamenco, etc), mas confesso que me espantei ao ter a notícia da existência de um músico envolvido com influências musicais tão distantes! Me pus a pesquisar acerca do tal Marc Ribot e descobri que o cara tem apenas um álbum lançado em seu projeto de música cubana.
![Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos - Aeroplane](https://static.wixstatic.com/media/324c27_b7c9328f876a4a41b0a91ba5a93400c3.jpg/v1/fill/w_500,h_500,al_c,q_80,enc_avif,quality_auto/324c27_b7c9328f876a4a41b0a91ba5a93400c3.jpg)
O CD denuncia logo os seus autores: Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos. Os “cubanos postizos” em questão são uma trupe de músicos nova-iorquinos que investem neste tipo de música. O disco foi lançado em 1998, e teve uma recepção razoável por parte da crítica especializada.
Ao ouvir o trabalho, me lembrei muito do guitarrista mexicano Carlos Santana. Ribot com certeza deve ter o mexicano como uma de suas influências. As semelhanças são notáveis: não apenas a similitude óbvia de estilos musicais, mas também na maneira de tocar guitarra, sempre descartando distorções exageradas, e investindo em solos marcantes, com frases curtas, mas potentes.
Destaco faixas Aurora Em Pequín (onde Ribot faz empreende um bolero intimista, porém muito bem composto), Como Se Goza Em El Barrio (destaque para as percussões desta faixa, e para as linhas eficientes da guitarra), Fiesta En El Solar, No Me Llores Más (esta cantada pelos Cubanos Postizos e com um violão espanhol marcante de Ribot) e La Vida Es Um Sueño.
![Marc Ribot Y Los Cubanos Postizos - Aeroplane](https://static.wixstatic.com/media/324c27_5320d23489174387bbe6a1e9a1f756d7.jpg/v1/fill/w_425,h_318,al_c,q_80,enc_avif,quality_auto/324c27_5320d23489174387bbe6a1e9a1f756d7.jpg)
De modo geral, o disco não é a oitava maravilha do mundo, mas, mais uma vez, abre questionamentos acerca do atual momento da música mundial, onde os bons músicos, aqueles preocupados com a expressão artística, são verdadeiros anônimos em meio a uma multidão de “carinhas bonitas na TV” que estão por aí.