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Geral: Música Passional (por Esdras Andrade)

A grande maioria dos textos que escrevi para o Aeroplane visaram a apresentar bons álbuns, bandas e músicas para o público ligado em boa música, e em quase todas as vezes esta análise se deu em comparação com aquilo que se tem taxado de lixo musical, ou como diria meu irmão, Abner, a “música de privada”. De fato, o péssimo nível da produção musical de massa do nosso tempo (e é essa que acaba, infelizmente, atingindo as multidões através da rádio e da TV) acabou por fazer com que os aficionados em música avaliem os bons trabalhos sempre em comparação com o excremento auditivo.


Por mais que isto seja necessário, a fim de distinguir o joio do trigo, a verdade que é que nós acabamos esquecendo que a boa música tem o seu valor em si mesma. Ela é boa simplesmente por ser.


Por isto neste artigo quero quebrar a lógica. Quero avaliar a boa música em comparação não com o lixo musical, mas sim com ela mesma! Aqui não falaremos dos estupradores (figura bem conveniente nestas últimas semanas, hein...) musicais, mas sim daqueles que provam que esta arte procede nada mais nada menos que da Revelação Divina.


Nas últimas semanas tenho pensado muito nos trabalhos musicais que realmente marcam época na vida de alguém. De alguém sinceramente interessado em música. Nós, caros leitores, cujos tímpanos clamam incessantemente por notas (e batidas) inspiradas, estamos constantemente diante de trabalhos musicais de boa qualidade. Coisa de primeira. Contudo, há alguns trabalhos que são mais do que bons. São marcantes. São únicos para o ouvinte.


Pensando nisso é que desenvolvi o meu conceito (totalmente autoral) de música “passional”. Com esta expressão quero designar aqueles trabalhos musicais que não são meramente de boa qualidade, mas sim que fazem com que seu ouvinte convença-se da existência de Deus. E que Ele criou a música. São músicas, discos, etc que desencadeiam um verdadeiro caso de amor no ouvinte (daí o nome “passional”).


A música passional é tão poderosa que faz com que o indivíduo a escute menos para não “gastar” o gosto desenvolvido pela obra!!!


O interessante é que quando falamos de música boa ou música ruim é possível demarcar critérios minimamente objetivos de diferenciação. Acredito que os leitores deste site não duvidarão de mim quando digo que Eric Clapton é música boa e que, por sua vez, MC Gui é música péssima (se considerarmos aquilo música...). Mas quando se trata de música passional isto não é possível. A música passional é algo totalmente subjetivo, não há como julgar.


Meu irmão, por exemplo, vive um caso de amor com a música da banda Dream Theater. Eu a considero muito boa, mas não vivo um caso de amor com ela. Por outro lado, meu irmão considera a trilha sonora de The Lion King algo realmente digno de nota, enquanto eu escuto desesperadamente aquela parada diariamente.


Concluo dizendo que nosso vício de música não pode inibir o desenvolvimento de paixão real por música. Às vezes é preciso ouvir mais com os sentimentos do que com a cabeça. Conversava esses dias com Kildery Rafael sobre a necessidade de encontrarmos mais bandas, músicas, álbuns, etc, com os quais desenvolvamos relações passionais. É isto, na verdade, que dá sentido prático ao que a música realmente é: arte.


Pra finalizar, vai aí minha lista de álbuns com os quais tenho uma relação mais que musical. É Passional.


  1. “Rhythm Of The Pride Lands” (1995). Lebo M.

  2. “The Lion King Soundtrack (1995). Disney Records.

  3. “Tim Maia In Concert” (1989). Tim Maia.

  4. “Live” (1992). Gipsy Kings.

  5. “Dá Licença” (1996). Sal da Terra.

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