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Ouça Esse CD: Wild Seed (por Kildery Rafael)

Na semana que passou pode-se ver em toda a imprensa a noticia, em tom de alegria - o que me chamou atenção – a confirmação do grupo norueguês A-ha no Rock in Rio 2015. Tal ânimo da veiculação da notícia se deu por dois motivos. O primeiro, A-ha esteve presente em 1991 no Rock in Rio 2 e levou ao evento nada menos do que 198 mil pessoas, número que estabeleceu o recorde de público pagante. Não se trata de qualquer banda. O segundo motivo é a volta do trio após o fim precedido por uma turnê de despedida mundial que presenteou o Brasil, fazendo shows em Bauru, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Recife e Fortaleza.


Aproveitando a novidade alardeada pelos meios especializados e os não especializados, me senti motivado a falar de um dos álbuns que certamente mais ouvi.


Não se trata do Hunting High And Low, de 85, que também entra na lista dos mais ouvidos e que traz a conhecida “Hunting High And Low” e a mais conhecida “Take on me” - que ganha destaque pelo trabalho do tecladista Magne Furuholmen e pelo clipe inovador. A banda é uma das minhas favoritas e não seria desperdício elaborar algumas poucas linhas para falar do álbum de estreia ou até mesmo da compilação que traz os singles de 1984 até 2004 sem receio algum por não ser possível achar sequer uma música de qualidade duvidosa ou repreensível.


Wild Seed - Aeroplane

Deixo os demais trabalhos para trazer um álbum solo dos inúmeros produzidos por Morten Harket, o vocalista do trio nórdico: Wild Seed, de 1995. Todas as letras têm sua contribuição, bem como os arranjos. A produção do álbum envolveu o uso de sete estúdios e dezessete músicos de apoio, o que nos faz refletir sobre as limitações da época e do quão difícil era a gravação de um disco de qualidade.


Como costumo fazer, jogo as músicas na playlist e ativo o shuffle do player, assim, aleatoriamente, seleciono algumas músicas e traço um pequeno comentário sobre elas, para evitar um texto longo e enfadonho.


“A Kind of Christmas Card” é diferente de todas as que se seguem. É possível sentir um peso que as demais não possuem, a virada de bateria que inicia a música dá o tom, que é reforçado pelo piano constante que percorre toda a música sempre fazendo uso de notas graves. O peso também está presente na letra da música, o que a torna atraente aos ouvidos. É uma ótima música para figurar como faixa 1.


“Spanish Steps” tem uma introdução despretensiosa, mas a sua simplicidade dita a música. A música segue sem o som do baixo até um minuto e onze segundos, deixando o destaque na voz na nas intervenções de uma guitarra tímida. O teclado é onipresente nessa faixa, é responsável pela base e pelos efeitos, preenchendo todas as lacunas. É o tipo de música que mostra que a simplicidade não é necessariamente sinônimo de música fraca.


“Los Angeles” me faz gostar particularmente por não fazer uso da bateria por mais da metade da música. A letra não é complexa e a bateria entra para não deixar a música repetitiva quando se chega mais uma vez ao refrão. Uma saída simples e que talvez nem tenha sido a intenção. A letra fala do reencontro de um homem com sua esposa após anos de ausência, mas não é tão simples ao ponto de ser irrelevante: o arranjo da música confere à letra um clima saudoso e o trabalho do backing vocal (o próprio Morten) no refrão é muito bonito, sem exagero, como pede a letra. É uma das melhores.


Em “East Timor” vê-se um trabalho primoroso da viola e do violino, que embalam uma letra que requer uma sensibilidade muito cara a muitos. A concepção da letra se deu graças aos esforços empregados por Morten em causas humanitárias e ambientais, passando verdadeira mensagem de cunho político acerca da situação do Timor-Leste. É uma das músicas mais conhecidas de todo o seu trabalho solo. Em 1996, na entrega do Prêmio Nobel da Paz, concedido a duas personalidades que lutavam pela independência do Timor-Leste, Morten Harket teve a oportunidade de cantar sua bela música.




Wild Seed é um daqueles trabalhos em que se procura uma música ruim e não encontra. As músicas como um todo são bastante expressivas e alcançam as expectativas. Cada música se encaixa em um momento, seja pela letra ou pela melodia, tudo isso reforçado pela imaculada produção de Christopher Neil, que, entre outros artistas, já trabalhou com Celine Dion.


Apesar de excelente, não é composto pelo tipo de música que dá para se ouvir em qualquer momento, acrescento ainda que não é disco para qualquer um ouvir, requer uma sensibilidade que atualmente foge dos parâmetros do mainstream. De toda forma indico para aqueles que seguem o bom ritual de se ouvir um bom trabalho, sugiro a noite, quiçá sozinho.

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