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Apresentações Épicas: Tim Maia In Concert (por Esdras Andrade)

“Mais agudo, mais grave, mais retorno. Mais tudo”! Lembrar de Tim Maia sem lembrar de suas extravagâncias no palco e na vida é praticamente impossível. O jeito refinadamente desleixado do cantor carioca era o seu diferencial nos palcos. Ao assistir a uma apresentação ao vivo de Tim Maia, é possível notar como ele encara a música: como o seu grande “cano de escape” para as aflições da vida e, principalmente, como uma grande diversão.


Mas nem só das piadas e frases antológicas vivia Tim Maia. Sebastião (ou “Tião”) Maia tem como grande legado à música brasileira o fato de ter popularizado a música “negra” americana em sua terra natal. Mais do que isso, em muitas canções de Tim fica muito claro a combinação entre o soul e o funky americanos com o samba e a bossa nova, influências musicais de sua infância.


A verdade, caros leitores, é que ouvir Tim Maia nos estúdios não tem muita graça. Bom mesmo é o ao vivo, quando o Rei do Soul Brasil contava piada, pronunciava frases para a história e, claro, “brincava” de fazer música (no melhor dos sentidos). Não por acaso já se disse que os shows de Tim Maia pareciam um ensaio, de tão improvisados que eram. Essa, aliás, era a sua maior qualidade: a autenticidade.


A melhor apresentação de Tim em todos os seus 55 anos de vida, para mim, se deu no réveillon de 1989/1990, em show no Hotel Nacional do Rio de Janeiro. Vale lembrar que o show só foi disponibilizado para venda em 2007, após uma recuperação de vídeo e áudio, que possibilitou a venda do show em CD e DVD. A versão apenas em áudio, entretanto, é mais completa do que o DVD, contendo mais músicas e todas por inteiro.


Nesta épica apresentação, Tim Maia está no auge da forma física, por mais cômico que pareça. Com isto quero dizer que sua voz está impecável, com a rouquidão peculiar e, principalmente, sem grandes problemas respiratórios, que o afligiriam anos mais tarde. Além, a Banda Vitória Régia, que o acompanhou por muitos anos, esteve impecável todo o show.


Durante o épico show, Tim Maia emendou algumas de suas músicas românticas, como Primavera (que foi executada em pot-pourri com Azul da Cor do Mar), Telefone, Você e Me dê Motivo. E, todas elas, o grande ícone da soul music Brasil mostrou toda melancolia que, como ele mesmo dizia, era culpa da Tijuca.


Tim não economizou nos grooves também, com canções dançantes como Festa de Santo Reis, Gostava Tanto de Você (que é o típico modelo de sambasoul, criação de Tim Maia), Sossego, Descobridor dos Sete Mares, Do Leme ao Pontal e, claro, Vale Tudo. Só música boa!


A noite contou ainda com uma bela versão da canção Baby, de Caetano Veloso. Entre as frases épicas, algumas merecem destaque, como, por exemplo, “quem não dança segura a criança”, “a Vera Fischer é a coisa mais linda do mundo, pode crer”, “eu vim aqui para cantar, mas vim também para filosofar, pode crer”, “as princesas podem cantar, os valetes deixam”.


Enfim, é um show para ouvir, dançar, se divertir, rir e, principalmente, ter muita saudade do Rei do Soul Brasil, o grande Tim Maia.

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