Versões e Regravações: Jammie Cullum (por Kildery Rafael)
- Kildery Rafael
- Oct 4, 2014
- 3 min read
Três grandes versões que deram certo (ou qualquer título genérico, estou sem nada legal na cabeça)
Quando um artista se aventura na empreitada de gravar sua versão de alguma obra minimamente consagrada, corre sério risco de dar um tiro no pé. É que há certas bandas (e não só músicas) que são intocáveis, que não adianta alguém, por mais talentoso que seja, tentar fazer sua versão de algum trabalho, pois sua performance não se harmonizará com a identidade dada pelo artista à gravação original.
Jammie Cullum ousou ao dar sua cara a três músicas de três artistas completamente diferentes em relação ao gênero, nacionalidade, tempo e público. O mais importante: foi feliz em todas.
Everlasting Love é um sucesso gravado em 1967 por Robert Knight que alcançou a 14º posição nas paradas americanas e 13º e em 1º no Reino Unido. Sua letra é atemporal, fala sobre amor, motivo pelo qual tocou nas rádios nos anos posteriores com novas versões – várias, o que reforça o status de sucesso.
Interessante perceber que em todas as versões é possível notar qual gênero estava sob os holofotes. Perceba, a versão original de 67 é conscientemente fabricada para fazer sucesso, é o clássico estilo pop da época. Não destoava dos padrões aceitos por uma sociedade mais conservadora e que via com maus olhos bandas como Beatles, ou

Rolling Stones ou Doors, por sua letra, métrica e melodia. Em 74 temos a regravação por Carl Carlton, era de forte influência do R&B e Soul, era Disco. A década de 80 foi marcada pela volta do Rock com força. Muitas bandas que surgiram na década anterior conseguiram se consolidar, através do Pop Rock ou Soft Rock, momento em que podemos ouvir as versões de Rex Smith e U2. Em meados dos anos 90 as músicas eletrônicas como a Pop-dance faziam bastante sucesso - exemplo clássico de tal sucesso foi a banda Aqua. Em 95 Gloria Estefan faz sua versão, unindo uma música de tempos idos clássica, de letra perene, ao estilo jovem e das batidas eletrônicas.
Jammie Cullum repaginou a música, conseguiu dar vida que nem uma versão pretérita conseguiu. A impressão que passa é de que a música é original, feita para ser executada exatamente da maneira apresentada abaixo.
Perdoe-me, caro leitor, se por acaso o agrido ao dizer que Don't Stop The Music é uma música que tem lá seu valor, e mais ainda, se disser que Rihanna também. Acontece que pouco se presta atenção aos detalhes como letras ou vocal quando se tem uma verdadeira poluição sonora. A música original de 2007 possui uma batida cuja cadência não me agrada, e o quase ineliminável “Ma ma se, ma ma sa, ma ma coo as” de Wanna Be Startin' Somethin' do Michael Jackson colabora para que a deixe mais poluta e difícil de ouvir. Apesar disso a música se mostra como grande sucesso no mainstream.
A versão apresentada por Cullum corrigiu tudo o que não me agradava, substituiu toda a parafernália por uma bateria simples tocada com jazz brush, baixo acústico e piano, o que certamente me fez ver com outros olhos, ou melhor, ouvir com outros ouvidos. Adicionou solo de piano, apanágio do artista, destacou a letra, deixou a música suave até no apogeu do refrão, usando o piano para servir de contrapeso ao estardalhaço ensaiado pela bateria.
Singin' in the Rain dispensa apresentações. É uma das músicas mais icônicas de todos os tempos e das versões trazidas por Jammie Cullum é a minha preferida. Homônima ao musical 1952 protagonizado por Gene Kelly e estimado entre os maiores musicais, tem sua melodia conhecida mundialmente, pois ultrapassou os limites da tela do cinema.
Alguns artista de menor expressividade tentaram emplacar fazendo sua versão do sucesso, mas nada chega aos pés da verdadeira obra de arte feita por Jammie Cullum.
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