Conheça essa Banda: Circus Maximus (por Abner Andrade)
29 de Setembro de 2014. Um dia aparentemente normal, 9h da noite, estou no meu quarto no dormitório Willard estudando Robótica (na verdade tentando entender o esquema de Denavit-Hartenberg). Em um dos momentos de procrastinação entre um capitulo e outro, decido abrir o facebook e me deparo com uma postagem da banda Circus Maximus anunciando o lançamento do “Live in Japan”, referente ao show no festival Loud Park em 2012. De pronto parei tudo que estava a fazer e abri o link; tela cheia, green tea e batatinha de vinagre: a receita para uma hora de êxtase auditivo. Especialmente pelo que esse lançamento representa pra banda. Mas antes de explicar o porquê, vamos a um breve background.

Circus Maximus é uma banda de metal progressivo norueguesa, de Oslo mais especificamente, consistindo atualmente de Michael Eriksen nos vocais, Lasse Finbråten nos teclados, Glen Møllen no baixo e os irmãos Mats e Truls Haugen na guitarra e bateria, respectivamente. Começaram como uma banda cover, fazendo interpretações de grandes bandas, como Symphony X e Dream Theater (não poderiam ter começado melhor). Posteriormente começaram a escrever seu próprio material, que não deixou a desejar na minha humilde opinião. A qualidade técnica é visível, e quando associada a melodias incríveis tem-se um resultado memorável. Os 3 álbuns lançados pela banda já venderam mais de 60.000 cópias ao redor do mundo, o que fez deles um dos melhores produtos musicais já produzidos pela Noruega (não deve ser tão fácil fazer música melódica no pais onde reina o Black Metal).
O primeiro contato que tive com a banda foi através do grande Pedro Atanásio (parceiro de Engenharia Elétrica) em um momento em que compartilhávamos conhecimentos musicais. Os primeiros acordes por mim ouvidos foram os da música Alive do álbum de estreia The 1st Chapter, lançado em 2005. Até hoje é uma das minhas preferidas, e tive uma agradável surpresa ao ver que a colocaram no setlist do show no Japão. O álbum é destruidor, contendo faixas de peso como Sin e The Prophecy e a faixa homônima: um épico arrasador. Mas uma parte importante e muito agradável do álbum ficam por conta das faixas extras, dignas de serem apreciadas.
O segundo álbum e o meu preferido, Isolate, foi lançado em 2007. Na minha opinião, é a masterpiece da banda, contendo faixas, melodias e letras incríveis. É um álbum mais dark do que o seu antecessor, um pouco menos progressivo e as letras são bastante negativas e introspectivas. A emoção em certas faixas é latente, o que diferencia a banda da maioria das outras bandas do gênero que se preocupam mais com o virtuosismo do que com o feeling. Destaque pessoal para a faixa Wither (bem no estilo DT), a epiquíssima Mouth of Madness (faixa incrível, riquíssima em detalhes e hipnotizante) e uma das músicas mais lindas e completas que já ouvi em toda a minha vida: From Childhood’s Hour, um poema cantado (de fato, a letra é baseada no belíssimo poema Alone do autor americano Edgar Allan Poe). Dediquei boas e diversas horas da minha vida na escuta desse álbum que é, sem dúvida, imperdível.
O mais recente trabalho de estúdio, o álbum Nine, saiu em 2012, após uma longa espera de 5 anos sem um lançamento oficial da banda. É o álbum que mais foge do convencional do gênero, onde pode-se ouvir com mais clareza as influencias pop da banda. Muito bem feito, muito bem produzido e escrito, recordo-me até hoje da primeira vez que o ouvi. Foi o álbum que guiou o show no Japão e sem dúvida e um marco na sonoridade do grupo. Destaque pessoal para as faixas Architect of Fortune, Game of Life (a preferida dos caras, com um riff ‘cheio de esperança’) e Reach Within (a melhor do álbum na minha opinião).
Na verdade, Circus Maximus não é uma banda considerada grande no meio musical. O baixista também trabalha como bombeiro em Oslo, eles não tem roadies, seu primeiro trabalho ao vivo foi lançado 9 anos após o primeiro trabalho de estúdio, sendo uma participação de 40 minutos em um festival, e ainda mais, o lançamento foi financiado com dinheiro doado pelos fãs numa campanha online lançada pela banda e dois anos depois do show ter sido gravado (apesar de que o vídeo também contém filmagens dos bastidores, mas mesmo assim). Para fins de comparação, os gigantes do Dream Theater gravaram seu mais último DVD ao vivo (Breaking The Fourth Wall) em março desse ano e o meu exemplar pré -comprado chegou ontem. Daí pode-se ter uma ideia do quanto o Nine e o Live in Japan representam pra banda e porque eu dediquei uma hora preciosa de estudo pra assistir ao show (e não me arrependo). A forma como vejo a banda mudou completamente e passarei a ouvir de forma diferente também, por exemplo, a música Namaste ganhou um aspecto totalmente diferente pra mim (e finalmente eu entendo porque a escolheram para ser o primeiro clipe da banda).
Enfim, Circus Maximus é altamente recomendado para quem gosta do metal melódico progressivo. Simplesmente não há decepção em ouvir qualquer um dos trabalhos deles. Mas esta é a minha opinião, disponho alguns vídeos abaixo pra que, se houver interesse, você tire suas próprias conclusões.
Ouça: Alive (The 1st Chapter)
Ouça: From Childhood's Hour (Isolate)
Ouça: Reach Within (Nine)
Ouça: Circus Maximus - Live in Japan (2012)