Lendas da Música: Abraham Laboriel (por Esdras Andrade)
- Esdras Andrade
- Aug 26, 2014
- 2 min read
A primeira matéria que escrevo para o Aeroplane dificilmente poderia ser outra. Para qualquer baixista, amador ou profissional, Abraham Laboriel é, ou deveria ser, uma referência incontestável. Nascido em 19 de julho de 1947, na Cidade do México, o baixista mexicano tem como principal credencial o fato de ter participado de mais de 4 mil gravações com inúmeros artistas.
Oriundo do Movimento Presbiteriano do México, Laboriel é o fundador da conhecida banda gospel Koinonia, tendo gravado vários trabalhos com ela. Trabalhou também com a cantora evangélica brasileira Aline Barros, em seu CD comemorativo de 20 anos de carreira.
A discografia de Abraham Laboriel revela o seu talento quase sobre-humano, que deu os seus toques por quase todos os gêneros musicais. Ele participou de gravações de discos com clássicos da MPB como Gilberto Gil, Djavan e João Gilberto. Foi o responsável pelos graves em discos históricos, como o Dangerous (1991), do rei do pop, Michael Jackson, e o primeiro disco solo de Lionel Richie após sua saída do The Commodores: Can’t Slow Down (1984). O currículo do mexicano ainda inclui trabalhos com artistas de peso como Elton John, Madonna, Joe Cocker Ray Charles e Julio Iglesias.
Abe, como é carinhosamente conhecido, possui também 6 trabalhos solos lançados ao longo da carreira. Destaque para o Abe Laboriel & Friends, gravado ao vivo na Suíça em 2005. Laboriel é defensor ferrenho das levadas simples de contrabaixo, sempre tendo como prioridade a condução rítmica das canções, sem muitos exageros na execução, como pode ser claramente notado no seu trabalho com Lionel Richie em Can’t Slow Down. Não obstante, o baixista esbanja harmonia em belas melodias compostas para o disco Luz (1982), de Djavan, cujos graves ficaram por conta de Laboriel.
Não à toa, Laboriel tem sido sempre lembrado pelo apelido conferido ao mesmo pela revista GuitarPlayer, de “os graves mais versáteis de todos os tempos”. Sem dúvida, Laboriel alia extremo senso de harmonia com muita pegada e suingue. Registre-se, como exemplo, a linha de baixo simples, mas muito bem composta por Abraham em I Just Can’t Wait To Be King, música do álbum de trilha sonora do filme The Lion King, de 1994, no qual o mexicano também participou.
Por tudo o que se disse, Abraham Laboriel é e continuará sendo um ótimo exemplo de como se tocar contrabaixo: priorizando a composição e a harmonia das linhas ao invés de encher a músicas de técnicas tresloucadas que, na maioria das vezes, acabam por confundir a proposta da canção.
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